sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A necessidade do Ser, a amnésia

Carl Gustav Jung, o famoso médico que estudava a mente, em suas obras mistico-científicas, conceituava como Self o ser puro, o Cogito cartasiano.
Essa consciência pura é inerentemente indissociável da cultura e meio em que vive. As categorias dessa faculdade, ou da mente, se desdobram em Id, Ego, super
Ego, Alter Ego etc. Esses atributos em conjunto definimos como memória, ética e consciência, e em um termo geral, em nosso caso, o Ser humano.
O Ser humano recebe o título de pessoa ao receber uma função social que o encaixa nas engrenagens sociais. Podemos dizer que “A pessoa” tem a mesma
dualidade com o Ser humano como esse tem em seu Sef e sua mente.

A relação do Ser humano(homem) no mundo através de sua pessoa se dá pela sua ação no mundo para satisfazer seu Self que germina a vontade pura. A vontade de
viver e a preocupação por sobreviver, busca pelo prazer,etc. Essa ação coletiva no mundo forma a sociedade e a cultura.A mente surge no momento de dor, tédio
e privação. Ela funciona para que o Self sobreviva e se manifeste em suas potências, e usa da pessoa, um símbolo coletivo que da mente usa para se comunicar
e agir. Assim se cria a história coletiva e individual, que gera ressentimentos e alegrias, que sugere as decisões dos homens para o futuro.
Diante da inclemência da natureza e às vezes a disputa brutal pelos bens do mundo, o homem se machuca e se ressente, muitas vezes impotente para se vingar e
retribuir o mal que sente ao seu agressor conforme as noções inatas de eqüidade.
A mente e sua história se tornam um mar de tristezas e infelicidades.

No filme “O Enigma de Kaspar Hauser” um homem adulto, passado dos quarenta anos, viveu solitariamente em completo isolamento social, não sabendo fazer nada
dos costumes, convenções e protocolos sociais, até os mais simples como falar, andar e sentar.
A moral desse filme em meu entendimento, é a problematização da mente dos homens, seus sofrimentos e glórias diante algúem que desconhece os bens desse mundo
como suas agruras para conseguilos. Também como a preocupação em sobreviver em um mundo de natureza silvestre.

A natureza do Eu puro é feliz, tem vontade pura. mas na manifestação da pessoa, acaba por acreditar em processos culturais que só sufocam o Self do que o ajudam. Por exemplo, na sociedade, estudar demais, se preocupar demais, ou seja, excesso de informação pode ser algo indigesto para a consciência e manter o
homem em rotinas sem sentido, em busca de coisas sem sentido devido a ressentimentos que muita vezes não tem sentido de ser.



O que é felicidade e sofrimento? Que o Sofrimento é uma particularidade da história de cada um que guarda um ressentimento. Esse pequeno Ego que gera excesso
de preocupações e conhecimentos para propósitos sem sentido com o coração é uma labeda de sofrimentos e angústias de privação do Amor. Sofrer é acreditar em alguns valores sociais que desacreditam as aspirações do Ser.

Podemos intuir que ser feliz é por muitas vezes é ter amnésia, esquecer das dores e impotências e perceber o quanto o Sef é feliz por sua própria natureza original. Esquecer, como se nunca tivesse conhecido o mundo, como Kaspar Hauser, é intuir que o homem é livre de seus bloqueios e crenças que não deve ser feliz, ter vontade e sentir a vida.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Como viver quando a música acaba?

O ser humano, em Nietzsche, é uma criatura que saltou sobre os limites animalescos da época do cio e por isso não procura prazer apenas eventualmente, mas o tempo todo. Porém, como há menos fontes de prazer do que pede sua constante predisposição ao prazer, a naturza o forçou a enveredar na trilha da invenção-do-prazer. O animal consciente homem, com horizonte de passado e futuro, raramente se satisfaz de todo com o seu presente, e por isso sente algo que certamente nenhum animal conhece, isso é, o tédio. Essa singular criatura procura uma excitação, se não for encontrada, tem de ser inventada. O homem se torna um animal que brinca. O jogo é uma invenção que entretém os afetos. O jogo é arte de autoexcitação dos afetos, a música por exemplo. A fórmula antropológico-fisiológica para o segredo da arte é pois: a fuga do tédio é a mãe das artes.
O verdadeiro mundo é a música. A música é o inaudito quando a ouvimos, pertencemos ao Ser. Assim Nietzsche a vivenciava. Era tudo para ele. Não deveria cessar nunca. mas ela cessa. e por isso temos o problema de como continuar vivendo quando a música acaba.

Rüdiger Safranski; (Nietzsche, Biografia de uma tragédia)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Homem Insuficiente

"Nenhum raciocínio no mundo conseguiria provocar a verdadeira tristeza - aquela da alma - ou vencê-la, uma vez que ela tenha entrado em nós, Deus sabe por qul brecha do ser. O que dizer? Ela não entrou, ela estava em nós. Cada vez mais eu creio que isso a que nós chamamos tristeza, angústia, desespero, como para nos persuadir de que se trata de certos movimentos da alma, é esta a alma mesma, que, desde a queda, a condição do homem é tal que ele não seria capaz de perceber mais nada nele nem fora dele senão sob a forma de angústia. Não fosse pela vigilante piedade de Deus, parece-me que, à primeira consciência que tivesse de si mesmo, o homem se desmancharia em poeira."

G. Bernanos

Fragmento retirado da pré-intrudução do livro O Homem Insuficiente, de Luiz Felipe Pondé.

domingo, 20 de novembro de 2011

A formação da idéia do Estado constitucional russo e a crítica de Dostoiévisky







Segundo o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé que realizou estudos em Dostoievisky, esse autor só pode ser compreendido em sua intimidade se meditarmos no sentido da teologia. Faço nesse textos algumas consideraçoes próprias acerca de Pondé, Dostoievsky e a história:




Desde o nacionalismo russo formado desde as guerras napoleônicas sob a harmonia de Tchaikovisky a influencia ocidental na Rússia desde nos países do leste europeu a não se deu somente na nobreza, mas sim, a partir do século das luzes, o pensamento dos filósofos contratualistas que inspiravam liberais, democratas e revolucionários.
Com o crescimento da burguesia e a riqueza que produzia, o Czar e a nobreza virão uma boa chance de tirar o atraso da Rússia feudal a um padrão mínimo da idéia da cultura ocidental. A partir desse momento, o país contraiu muitos empréstimos da Alemanha e da Inglaterra para a formação de um parque industrial, construções de ferrovias e usinas de eletricidade. Nesse ínterim da influencia política dos liberais, pleiteavam por um Império constitucional, como nos moldes da Inglaterra em seu país governado por um Czar Absolutista.
Também surgiu movimentos revolucionários camponeses no qual Trotsky fazia parte na juventude e movimentos anarquistas do qual Lênin participou também na juventude. Esses movimentos, que lutavam por inúmeras causas sociais inclusive aquelas acreditadas por Marx em seu manifesto Comunista.

Essa efervescência cultural criou uma série de artistas, por exemplo, se manifestou em Dostoievisky, que criticando o espírito revolucionário por considera-lo estúpido por ser promovido por intelectuais que atuam em pensamentos que mal-digeriram para transformar uma sociedade em princípios que eles acham o mais conveniente para superar o sofrimento da trama da vida ao qual consideram o cristianismo como o respnsável pela alienação ao sofrimento do mundo. Dostoievisky diz que esses pensadores separam o homem da natureza, dotando-o de um constante ressentimento e a uma vida sem sentido de viver e sem valores transcendentais a que recorrer e descansar a alma.

A moral dos cristãos aposteriori a ética estóica em Roma antiga

Não sou entendedor nem pesquisador da história de roma senão apenas conheço os conceitos gerais e alguns fragmentos dos fatos históricos e filosóficos romanos. mas vou dentro de meus limites tentar traçar uma reflexão interessante sobre a da filosofia, particularmente uma face da problematização da ética naqueles tempos em progressiva decadência em relação do objeto da moral estóica que acredito ser a natureza da ética originária romana. Depois tentarei associar os vícios constatados pelos filósofos romanos discutido a luz da moral cristã que seduziu os cidadões romanos.

Começo com Epicuro, pois o considero um autor negligenciado na história da filosofia mas de excelsa importância na compreensão da estrutura metafísica da ética. Epicuro acreditava que a filosofia somente poderia ser feita entre amigos verdadeiros. Por isso os encontros eram reservados em que se acreditava que num embate dialético, somente filósofos naturais e amigos verdadeiros poderiam ser honestos consigo mesmos e com o próximo ao travar a natureza da verdade. Não importava que ganhe a discussão, mas sim que a verdade triunfasse.

Epicuro e seus discípulos que perduraram sua escola por vários séculos acreditavam na felicidade. O home é feliz por natureza. Nasce feliz, e no sofrimento que descobre na sua jornada desse mundo, tenta se afastar dessa dor e sentir sua legítima essência feliz. Ser feliz é aceitar o belo e o bom, a essência do cósmos que formou o Ser. Ser feliz é praticar a virtude para que a felicidade não se extravie com os vícios, a escravidão dos sentidos que afasta a virtude, promove solidão, mentira, privação ressentimentos e conseqüentemente dor e sofrimento de todas as ordens.(Uma breve inserção: o filósofo Rousseau vai discutir a natureza da felicidade e a virtude e a origem do vício no seio de uma comunidade originado pelas diferenças intrínsecas que causaria inveja e ciúmes reprimidos dos mais desprivilegiados na casta burocrática gerando sentimento de posse.)

Os estóicos romanos vão beber na fonte da ética grega do qual em suas vertentes são os epicuristas, os estóicos gregos, os cínicos etc. O homem busca a felicidade e a realização, busca aumentar sua potência diante de um mundo que prova impiedosamente sua força vital e paciência.São nesses postulados que os estóicos romanos vão tentar aplicar em suas leis e moralpara a coesão de sua civilização que nasce e se expande.

Antes de entrar na problematização da filosofia do direito romano, tentarei aqui encontrar alguns dos postulados metafísicos da praxis estóica.

Cícero, senador romano era um filósofo estóico. Observava entre seus conterrâneos alguns vícios de comportamento. Via que quanto mais rico era um homem, mais exposto a frustração estava, e logo a reações ansiosas e ou violentas quando era rejeitado ou fracassava em uma questão que projetava importante. e as pessoas mais simples ou os mais desapegados aos bens materiais, tinham mais paz diante das adversidades.

O homem nasce feliz e bom. Sua essência desce do mundo superior atemporal, onde aqui no mundo, sua imagem no mundo das idéias ganha a faculdade do tempo. estar no tempo é ser violentado pelas forças da multiplicidade do mundo dos entes sob o tempo. Forças que disputam entre si ou colaboram contra outros grupos em busca da expansão de sua liberdade de efetividade de vida num mundo por sua natureza de privação, ou seja, a natureza do tempo, a natureza desse mundo,O homem na angústia do desejo, faz projetos para a vitória. inventa a partir disse, sociedades, técnicas, instituições e guerras, e teme os infortúnios dos desastres naturais, que das mesmas invenções tenta proteger seus projetos e o que foi conquistado de bens que lhe causem prazer e sensação de abundância de vida.

Entretanto, na sociedade, com leis que ordenem a sociedade, o homem não tem paz, sempre preocupado em perder o que conquistou ou conspirando para ter aquilo que remoe de suas angústias e frustrações. Então, ele descobre leis de moral superior, espirituais que estão além das leis que regem o mundo financeiro ou do trabalho. Essas leis ensinam que pela ambição intensa surgido pelo medo ou pela gula e luxúria os homens tornam-se violentos quando seus projetos são frustrados. E suas vidas são um poço de tormentosquando assolados por aquilo que não podemos evitar, que estão além das nossas forças. Os desastres naturais, a imprevisibilidade do futuro e a morte.

Os estóicos ensinam que o homem para ser feliz, deve se apartar da dor que ele mesmo cativa com as coisas mundanas. deve reconhecer que não é escravo desse mundo, e reconhecer que é muitas vezes fruto do ocaso, que não adiante se culpar e culpar os outros por forças que estão além de nós.

A filosofia estóica é dirigida ao Estado, a manutenção e a purificação da sociedade de seus vícios, diferenciando-se dos epicuristas que se encontravam reservadamente. São a natureza das leis superiores, clausulas pétreas que são mantidas pela virtude(dever, lealdade, honestidade, equidade).

Com as conquistas romanas, a riqueza, a soberba e a depravação aumentam na sociedade. Elas surgem em antagonismo aos ensinamentos das tragédias dos mitos que corrigem a conduta humana diante seus conflitos e angústias, no qual a saciedade do desejo de viver está na depravação, violência e brutalidade, conquista indiferente a morte de muitos. A decadência da moral e a degeneração social sucumbem em crimes dos mais diversos como abuso de poder, morticídio, perda da amizade e amor, mentira e engano, escárnio e brigas e esfacelamento da memória que guia o individuo e o coletivo das relações de equidade e fraternidade. A sucumbência portanto surge com a excessiva riqueza e a luxuria, que por sua vez, corrompe a sociedade em subornos chantagens e politicagens para a manutenção desse status quo.

Entre os estóicos, de certa forma é reconhecido a decadência da sociedade como uma força cíclica movida por paixões descontroladas devido a impotência em relação ao sentir da dádiva da natureza, uma desconexão com a natureza essencial feliz e a inconformidade alucinada em relação a sua situação. Não se pode conter as forças cíclicas da sucumbência. As paixões doentias, originadas por uma própria relação metafísica polarizada das categorias do Ser, é um ingênua concepção das forças cósmicas resolvidas apenas pela rebeldia imediatista contra a natureza inexorável e crua do tempo.

A força dos cristãos entra em cena em Roma quando as autoridades pagãs não tem mais a confiança de uma grande parcela do povo que se vê perplexo diante a imoralidade. Acreditam e sentem nos ensinamentos virtuosos do evangelho do Cristo, uma força alentadora e esperançosa de religar a alegria da alma e a aceitação dos inevitáveis infortúnios da vida. O Cristianismo representa o que é mais antigo e valorizado nas entranhas mais profundas das leis espirituais romanas, que desacreditado de seus deuses soberbos e hipócritas, a serena paz e promessa de salvação a um mundo onde a verdade limpará a força do mal, para que se possa existir num "outro tempo" onde não haja a morte e nem outras forças violentamente poderosas na natureza selvagem.

Ao analisar o pensamento de Nietzsche que dizia ser o cristianismo uma filosofia dos escravos, uma manifestação de se ódio estéril contra os fortes e poderosos e os principais responsáveis pela perda de vigor da força do império, contrasto com essas considerações que usei também defendidas por Dostoiéwiski, e de certa forma Kierkegaard É claro que esse pequeno texto não representa as consteção do assunto sobre ética, onde centenas milhares de páginas são escritas e discutidas.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A relação intuitiva da alma com a moral



Na filosofia, desde os gregos a Kant e outros metafísicos se aceita como postulado verdadeiro que a moral se fundamenta em leis universais a priori inseridas no espírito.
Essa idéia é criticada principalmente entre alguns filósofos e sociólogis do pensamento contemporâneo, onde consideram a moral uma construção histórico social.

Tenho relutancia com a interpretação desses autores devido a considerações metafísicas no qual o próprio Nietzsche levanta no seu conceito de Eterno Retorno.

Ora. Tudo volta a acontecer, tudo já foi e será para sempre. Essa visão cíclica de Nietzsche atordoando a visão escatológica judaico-cristã alicerçada em dogmas e supertições do que a verdade espiritual propriamente dita.

O que eu quero dizer é que a alma, ou melhor, o indívíduo, por exemplo, eu mesmo, ou tu, é uma entidade formada por forças que nos afzem como cultura, espaço e matéria que por sua vez são feitos de outras entidades. Mas essas entidades que compôe outras entidades e mostrando o seu sentido a faculdade da razão é por sua vez sentida por categorias como peso, cor, tamanho, forma, densidade, temperatura etc.

No universo, há um número finito de categorias que formam o ser. Por exemplo, quantas formas de combinação podem se alternar a sério A,B,C,D? Ora dezesseis vezes: B,A,C,D ; C,A.B,D etc.

Logo, nós, ou, eu e tu, esse computador, somos formados por série dessas categorias. Esse computador por exemplo: é quadrado, é preto, é duro, liso, tem um peso de uns 4 quilos e um sentido captado pela minha razão que é computar dados.

Logo, nós somos assim. Mesmo que venhamos a morrer, nossa idéia permanesse no abstrato por toda a eternidade voltando a ser no tempo.

E mais, se somos eternos quanto imagem. Estivemos em todas as dimensões morais do universo. Conhecemos o mal e o bem. Conhecemos a perfeição. e nossa condição nessa vida é de esquecimento da verdade contemplada na eternidade.

Nós podemos nos aperfeiçoar, não numa questão apenas de evolução, mas de uma forma de aprender intuitivamente da eternidade a moral. Logo, pela inspiração espiritual podemos nos tornar perfeitos ou sentir o que os homores de nossa intimidade, atravéz da meditação, conduzir nossa vida ao rumo da existencia.

Só queria dixar claro que não digo que existe um ponto de chegada, pois como haveria um ponto final no infinito. Pela minha intuição, na nossa jornada intuitiva das reminiscencias da perfeição, o que vale é a trajetória vivida, sentindo cada humor, cada inspiração que nos revela dimensões associadadas a reminiscencia eternamente vivida.

Acredito que esse último paragrafo possui sentido ontológico se analisarmos o conceito matemático dos fractais. Como se puzessemos dois espelhos de frente e vissemos os infinitos reflexos deles mesmos. Isso é um fractal e os desdobramentos da reminiscencia e nosa relação intuitiva com Deus.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Rei Midas e sábio Sileno


Segundo o filólogo e filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 - 1900):

"Reza a antiga lenda que o rei Midas perseguiu o sábio Sileno na floresta, durante longo tempo, sem conseguir apanhá-lo. Quando, por fim, ele veio a cair em suas mãos, perguntou-lhe qual dentre as coisas era a melhor e a mais preferível para o homem. Obstinado e imóvel, calava-se; até que, torturado pelo rei, prorrompeu finalmente, por entre um riso amarelo, nestas palavras: - Estirpe miserável e efêmera, filhos do acaso e do tormento! Por que me obrigas a dizer-te o que seria para ti mais salutar não ouvir? O melhor de tudo é para ti inteiramente inatingível: não ter nascido, não ser, nada ser. Depois disso, porém, o melhor para ti é logo morrer"

(Nietzsche, O nascimento da tragédia).

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Poemas escolhidos





Os Versos que te fiz



Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder…
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda…
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei…
E nesse beijo, amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!


(Florbela Espanca)

Desassossego

Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer num humanismo racional, fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comumente se chama a Decadência. A decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia. A quem, como eu, assim, vivendo nã0 sabe ter a vida, que resta senão, como poucos pares, a renúncia por modo e a contemplação estética por destino? E assim, alheio à solenidade de todos os mundos, indiferente ao Divino e desprezadores, entregamo-nos futilmente à sensação sem propósito.

(Fernando Pessoa)

sábado, 27 de agosto de 2011

A felicidade







Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

E do Nada tudo surgiu


Certa feita estava dialogando com um cientificista sobre a origem do universo, e levantei a possibilidade da criação pelo verbo Divino:

- E Deus do nada tudo fez pelo verbo!
- Como assim do nada tudo se fez? Esse argumento religioso é falacioso, como do nada tudo apareceu? Até parece a história da carrochinha da arca de noé!
- Ué, não vejo problemas. Do nada e tudo se fez, e daí?

Quero comentar sobre isso devido ao grau de seu paradoxo. Do nada tudo se fez é um conceito da física quântica que nos remete inegávelmente ao conceito de eternidade, do incriado, do absoluto que eternamente pulsa.
Porém, saído da seara dos concentos temporais do que o eterno está vinculado, o tempo não é um pulsar eterno, sobre o prisma do ponto lógico. O tempo é uma degradação, uma fragmentação da eternidade. E quanto mais tempo, mais singular se torna o fragmento, constituindo a multiplicidade, o diferente.

Do nada tudo se fez. É impossível imaginar isso, mesmo que tal conceito seja válido. Enfim, o que seria o nada? Posso descrever um exemplo: Imaginemos o vácuo absoluto. Um recipiente onde não há abloutamente nada!!! Nem ar, nem pó de nenhuma espécie, sem nenhum tipo de interferncia eletromagnética. Nesse vazio total chei de nada não é ainda o "Nada", pelo simples fato de haver o espaço. O espaço é alguma coisa. O nada não tem espaço, e está fora das categorias do entendimento, está além do espírito.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tudo infinitamente Nada

A Substância da realidade é emprestada do vazio infinito, o nada.

O que é o aparecer? Deduzir que ele é a natureza do tempo e do revelar transcendental é ao meu ver simplista demais, um clichê popular-acadêmico.

Donde, enfim, surge o tempo, esse transformar morfo-espacial modular sequencial entrópico? Como poderia haver tempo na eternidade?

No absoluto, no eterno no espaço infinito, as coisas apenas aparecem. Do nada tudo surge.

Disso acabam todas as perguntas. Não nos cabe mais entender, mas apenas aceitar.