O ser humano, em Nietzsche, é uma criatura que saltou sobre os limites animalescos da época do cio e por isso não procura prazer apenas eventualmente, mas o tempo todo. Porém, como há menos fontes de prazer do que pede sua constante predisposição ao prazer, a naturza o forçou a enveredar na trilha da invenção-do-prazer. O animal consciente homem, com horizonte de passado e futuro, raramente se satisfaz de todo com o seu presente, e por isso sente algo que certamente nenhum animal conhece, isso é, o tédio. Essa singular criatura procura uma excitação, se não for encontrada, tem de ser inventada. O homem se torna um animal que brinca. O jogo é uma invenção que entretém os afetos. O jogo é arte de autoexcitação dos afetos, a música por exemplo. A fórmula antropológico-fisiológica para o segredo da arte é pois: a fuga do tédio é a mãe das artes.
O verdadeiro mundo é a música. A música é o inaudito quando a ouvimos, pertencemos ao Ser. Assim Nietzsche a vivenciava. Era tudo para ele. Não deveria cessar nunca. mas ela cessa. e por isso temos o problema de como continuar vivendo quando a música acaba.
Rüdiger Safranski; (Nietzsche, Biografia de uma tragédia)
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
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