sábado, 22 de agosto de 2009

As origens do Feudalismo

Desde a expansão do Império Romano com Julio Cesar, o exército se torna profissional, e um número enorme de funcionários públicos trabalham para manter coeso o Império. Diante disso, o modo de produção romana que se baseava no escravismo, obteve um número considerável de trabalhadores pagos como os soldados e burocratas, o que fez o império ter uma quantidade enorme de ouro circulante na economia, que naquela época, não dispunha de potencialidade produtiva e nem meios de transportes rápidos e eficientes. Isso naturalmente fez inflação e problemas sérios de abastecimento e ordem pública. O imperador Diocleciano aproximadamente por 280 D.c, realizou reformas como a extensão dos exércitos e mudanças na administração como a divisão administrativa de dois Impérios interligados, bem como reformas sociais como a instauração das Guildas que eram instituições ligadas diretamente ao Imperador que controlavam a inflação e protegiam a economia dos especuladores, porém exercidas por um número limitado de pessoas e de transmissão hereditária, e a instauração dos domínios rurais, onde o camponês não poderia mais sair da terra, sendo ele juridicamente pertencente a terra, com a intenção de não comprometer o abastecimento de alimentos e proteger seus preços as oscilações e especulações. Com a paz Romana instaurada principalmente pelo Imperador Teodósio acerca de 390 D.c., há uma falta crônica de escravos no Império, conduzindo a uma inflação latente e angustiante. Nessa época, o Império absorve a mão de obra para os germânicos do norte que trabalhavam por salários mais baixos. A igreja no período de Teodósio também assumiu os instrumentos administrativos do Império, já que o Imperador era católico fervoroso e confidente do Papa Atanásio. Nessas condições, os povos germânicos que eram vizinhos do império Romano, entram em hordas em seus domínios fugindo dos avanços dos Hunos, porém o império não teve tanto poder de resposta devido a insatisfação popular com a miséria, e a população germânica muitas vezes serem neutras com a invasões. Após o colapso do Império no final do século V, os povos bárbaros redefinem o mapa da Europa, sendo que as instituições romanas continuaram em vigência e ajudando os novos governantes a admistrarem seus domínios. As guildas e as vilas romanas continuaram, sendo posteriormente chamadas de feudos, com o tratado de Vérdum em 843, onde os feudos são passados hereditariamente para as famílias aristocráticas nobres que auxiliam os reis a governarem. Com o ressurgimento das cidades e de um comercio mais dinâmico em meados do humanismo, os velhos problemas de inflação começaram a retornar, mas só não tendo problemas mais sérios devidos as pestes e morticídios generalizados e posteriormente a evacuação para as Américas. Enfim, no início da Idade moderna, as guildas estavam em plena atividade e entrando em choque com a nobreza, iniciando seus atritos. É importante observar que o problema da inflação e especulação era algo tangível ainda. Isso nos induz a perceber que os pensadores do humanismo e da modernidade não diferiam essêncialmente dos escravistas da antiguidade como Platão, Aristóteles e pensadores romanos. O mundo só vai mudar drasticamente mesmo com a revolução industrial, onde o instituto da escravidão deixará de ser necessária as condições econômicas até então, e o fim do feudalismo em si.
O Feudalismo irá existir como instituição no Sagrado Império até seu colapso institucional após a guerra dos 30 anos, e mantendosse em seu muribundo governo no chamado Império Austro-Húngaro tendo a confederação Germânica ao norte(ainda em estado feudal) emancipado devido a unificação alemã promovida pelo governo da Prússia, como também na Itália e Rússia, no que importa na Europa. Nas demais nações européias, o feudalismo acabou devido as reformas burguesas e a instauração contínua do liberalismo Laíz-faire, até sua grande crise de 1873 onde os fundamentos burgueses são questionados em suas bases e a formulação de reformas reacionárias de antigos contratualistas absolutistas.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Os intelectuais tem vergonha de falar de Deus

29/06/09 Falar de Deus não é o tema preferido em uma conversa considerada inteligente, entre homens que se consideram inteligentes.
Se você começa a falar de Deus, das escrituras reveladas e dos santos devotos de Deus, esses intelectuais ateus parecem ficar envergonhados de ouvir essas descrições. Ou seja, é difícil abordar um intelectual para falar de Deus, principalmente em público.
Além do ateísmo fomentado por séculos por uma teologia elementar com base na leitura superficial da escritura judaico-cristã, o próprio religionismo ocidental falhou em atrair a mentalidade de pensadores mais profundos do que a regra geral da sociedade humana.
Por isso, temos hoje em dia pregadores do ateísmo, como o biólogo darwinista Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um delírio”. Isso porque o raciocínio racional da mentalidade científica consegue oferecer uma visão aparentemente real do universo e de toda a criação que investigam com seus instrumentos de aumento e aproximação cada vez mais sofisticados.
O fato é que, diante dos descalabros praticados por séculos em nome da religião, em nome dos “profetas” e “messias”, os homens dotados de uma mente mais aberta e uma inteligência questionadora acabam por se afastar do religionismo predominante no Ocidente. Alguns deles, inquietos com a percepção subjetiva de que “tem” de existir um ser superior pensante por trás do complexo, refinado e inteligente design cósmico, um Criador para todas as coisas extraordinariamente perfeitas que encontram em sua observação micro e macroscópica do mundo material, acabam por ir procurar uma experiência religiosa em outras doutrinas místicas que sobreviveram à tirania da igreja romana exercida no Ocidente por séculos com mão de ferro e muitas fogueiras e cruzadas assassinas.

A visão do mundo por alguém que está dentro do mundo, a a visão daqueles que conseguiram abrir a porta que leva a consciência humana a transcender os limites do material e adentrar nos planos de consciência puramente espirituais.
E mais, trata-se da visão do ponto de vista do próprio Criador. Para compreendê-la, precisamos compreender como funciona a consciência de Deus, ou Consciência de Krishna. Desde esse ponto de vista original, os conceitos e verdades dos textos védicos assumem proporções inimagináveis para a mente humana. Sim, com o que a mente humana pode nos oferecer, ficamos limitados a um campo muito restrito e condenados a uma visão inferior da realidade como um todo —isso porque os sentidos materiais de percepção da realidade são muito imperfeitos e limitados no escopo da percepção. Quando obtemos a consciência de Krishna de um devoto puro dEle, tornamo-nos capazes de enxergar a Criação do ponto de vista do Criador.
Ao tentarmos nos aproximar dos Vedas, estamos nos dirigindo ao infinito. Nós somos finitos e não temos vergonha de pensar que oferecendo apenas um pedacinho de nossa finitude estaremos tentando obter o infinito?
O intelecto humano é limitado ao extremo e não serve como ferramenta para abordarmos o que se situa além da sua própria capacidade cognitiva.
“O Infinito não seria infinito se não pudesse se dar a conhecer ao finito”, também nos ensinou Srila Sridhar Maharaj. Assim, é o infinito e não nós, seres finitos, quem decide a quem vai se revelar. Não podemos entrar como penetras no plano do infinito. Mas se ele nos escolher e desejar que o vejamos e compreendamos, isso não poderá deixar de acontecer.
Krishna é o Deus Infinito e Ele decide quando e a quem Ele deseja se dar a conhecer. Este argumento é indiscutível. O Senhor Supremo Se reserva o direito de só Se dar a conhecer àqueles que se aproximam dEle com afeto, amor, ou seja, com os olhos untados do unguento do amor (premanjana chchurita bhakti vilochanena...)
Depois dessa experiência, os intelectuais que obtiverem a Consciência de Krishna só sentirão vergonha de uma coisa: de ter sido tão ignorantes negando a grandeza da experiência religiosa transcendental.

http://www.bhuvana.com.br/www.bhuvana.com.br/cartas/Entries/2009/6/29_Vergonha_de_Deus_-_Bhuvana_Mohandas.html

O FARDO -OSHO


A verdadeira vida de um homem é o caminho no qual ele se desfaz das mentiras que lhe foram impostas pelos outros. Desprovido das roupas, nu, ao natural, ele é aquilo que é. Trata-se aqui de ser, e não de vira ser. A mentira não pode transformar- se na verdade, a personalidade não pode transformar- se na sua alma. Não existe maneira de transformar o não-essencial em essencial. O não-essencial permanece não-essencial, e o essencial permanece essencial - eles não são conversíveis. Esforçar-se pela verdade só vai criar mais confusão.
A verdade não precisa ser conquistada. Ela não pode ser conquistada, pois já está aí. Apenas a mentira é que precisa ser descartada. Todos os anseios, propósitos, ideais e metas, todas as ideologias, religiões e sistemas de aperfeiçoamento, de melhoramento, são mentiras. Cuidado com tudo isso. Reconheça o fato de que do jeito como você é agora, você é uma mentira, resultado de manipulação, produzido pelos outros. A busca da verdade é de fato uma distração e um adiamento. É a fórmula encontrada pela mentira para disfarçar-se. Olhe a mentira de frente, examine a fundo a falsidade que é a sua personalidade. Pois encarar a mentira é parar de mentir. Deixar de mentir é desistir de buscar alguma verdade - não há necessidade disso. No momento em que desaparece a mentira, ali está a verdade em toda a sua beleza e esplendor. Encarando-se a mentira ela desaparece, e o que fica é a verdade.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Inscrição do templo de Delfos

«Advirto-te, sejas quem fores...

Tu! Que desejas sondar os arcanos da Natureza, se não encontras dentro de ti aquilo que procuras... tampouco o poderás encontrar fora.

Se ignoras as excelências da tua própria casa, como poderás encontrar outras excelências?

Em ti se encontra oculto o tesouro dos tesouros!

Homem!... Conhece-te a ti memso e conhecerás o Universo e os Deuses.»

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O mito de Adão e Eva em relação a reminiscência platônica

Platão era um filósofo. A filosofia sempre nos leva ao conhecimento esotérico a descoberta de nós mesmos e nós no Universo. Nesse sentido, não existe muita diferença entre a cosmogonia mítica e a filosofia, pois a última possui o logos e mesmo assim se preocupava com o homem no mundo.
Entre os comentadores de filosofia e mitos, é comum dar uma explicação superficial e até esteorotipada e até enciclopedicada do sentido de um mito, fazendo se perder o sei ideal. O mito é uma explicação profunda e ideológica pelo sentido do sers da existência e sua finalidade axiomática, porém imaturamente sem o logos.

O mito de Adão e Eva contido no livro de Genesis, na bíblia, é um dos mitos mais incompreendidos ontologicamente, seja sendo simplificado demais pelos religiosos sem muitas preocupações metafísicas e fundamentais ou negado e ultrajado pelos céticos e ateus de carteirinha.

Vou tentar aqui expor conforme minha intuição, entender o significado desse mito de proporções místicas de quase teor filosófico na proposta de felicidade e realização sincera da humanidade.

O mito

Deus, a pura força espiritual, a Consciência Suprema, retira de si mesmo o Verbo e fez a luz. Depois disso, os demais entes foram criados e por fim o homem, ser muito importante dessa criação do qual Deus fez fecundando com seu sopro o barro da terra.
Deus fez a mulher ao homem para que esse não ficasse só, pois o homem, imagem e semelhança de Deus, necessitava de uma mulher para fecundar como Deus fizera com a terra concebendo a Adão.
Tudo era perfeito nesse mundo, e Adão e Eva viveram de forma plena no ápice da comunhão com Deus e nirvana. Deus é feliz por sua criação que recebe seu amor e se sente feliz também por isso.
Mas uma coisa havia no jardim da perfeição, o Éden, que era a sabedoria do bem e do mal.
O mal é um Elemental que existe entre os digestos de Deus, razão no qual a mente das criaturas não podem entender o porque de sua origem, como não podem entender a própria origem da pleni-existência de Deus.
Deus advertiu a Adão que não comesse do fruto senão certamente morreria. O conhecimento do mal, então, era a morte. A morte que é má é um elemento necessário a manutenção temporal do universo, no qual Deus reservou o homem puricidado dos seus efeitos somáticos no devir cósmico.
Eva seduzida pela serpente, sugerindo uma ilusão de que ao conhecer a morte, não morreria de fato, mas seria igual ao Eterno, prova do fruto e lhe dá a Adão desfrutar de seu mortal sabor.
O homem então, primeiramente morre em seus sentimentos de união com Deus, onde os dois se escondem e sente vergonha. Adão, com o sentimento de culpa que lhe esconde a felicidade de si mesmo, diz a Deus:”foi a mulher que me destes.” Num ato de blasfêmia e inverdade contra o criador.

A morte logo atinge seu segundo estágio no homem. O Éden se torna estéril, pois a morte atinge a capacidade do homem sentir a perfeição e dela colher frutos divinos. É morte espiritual onde o homem morre para a plenitude do paraíso para ter agora que trabalha para viver, sofrer para vencer a morte, o mal que ele é conhecedor inconteste.
O terceiro e último estágio é a morte do corpo, onde Adão e Eva esgotam o animus diante do mal e voltam ao pó de onde vieram, anteriormente feitos para viverem para sempre.

Ontologia do mito

O poético canto do fruto do bem e do mal do jardim do Éden tem uma equivalência arquétipa com a filosofia de Platão, como no Mito da Caverna, e a teoria da reminiscência, como no rio Lethes, do Hades, na mitologia grega sobre a transmigração das almas, obtida os cultos órficos-pitagóricos que vieram a influenciar a Platão.
A alma que transmigra e reencarna, bebe ou não da fonte do rio Lethes que faz esquecer de si mesmo aquele que o ingere. As pessoas que bebem da fonte são aquelas dominadas pelas paixões idólatras, pois quando a dor e o desespero de existir não é superado devido a dor gerada pela paixão frustrada ou perdida, preferem esquecer e recomeçar tudo, ignorando a perfeição e o aprendizado com seus próprios erros.
Os que preferem uma vida serena e de auto-descoberta transcendental nos infinitos mundos que se sobrepõe, a alma não toma da fonte do esquecimento, preferindo a verdade, a idéia, o não esquecimento(Alethéa), reencarnando com entendimento sobre o verdadeiro sentido de existir, adquirido na contemplação do ideal perfeito revelado no Hades.
Voltado aos hebreus, quando Adão come do fruto, ele decai, ele se esquece de como ser feliz devido a sua culpa e também a morte que traga.
A morte é entrópica e irreversível. Ela é o mal absoluta que tira todas as esperanças de se viver em plenitude. O homem não pode amar intensamente sua vida por medo de perde-la em algum sinistro da vida, como a velhice, e atormentado pelo medo, o amor para com a mulher não se torna sublime como outrora, onde o orgasmo não mais alcança seu ápice ao infinito.

No mito hebreu então, estar nesse mundo onde agora o homem precisa trabalhar para retardar a morte e extrair a escassa felicidade, é o mundo do esquecimento, no qual Deus, sendo a vida, chama ao homem lhe dizendo seu projeto de fazer com que o homem relembre ser feliz, relembre como deixar fluir a totalidade de sua vontade sem culpa ou apego a algum ídolo que substitua o sentido ideal de ser , relembrando que somente amando a Deus que é eterno, a morte não o vencerá, usando da própria sabedoria adquirida agora, porém de modo reverso, na procura de reconhecer a vida, provar do bem e felicidade esquecida, e se deixar fluir novamente com a presença divina que lhe tira o sentimento de culpa, o medo da morte e a liberação total no alcance do prazer divino.

Por todos esses elementos expostos, que eu acredito ser o mito de Adão e Eva um mito místico transcendental de profundo sentido esotérico, mostrando que a felicidade, como dizia Platão, não está somente na sensibilidade da percepção aparente no qual não mostra o realidade do ser, mas num alcance transcendental ao ideal supremo.
Não temos a contemplação perfeita do Ser devido as paixões idólatras que conhecemos sob o fruto da morte, que por sua natureza sedutora, por seu mistério, conduz ao homem a experiências cósmicas antecipadas, inesperadas e fatais.
O mito, tentando demonstrar a natureza do sofrimento de existir, não o faz de forma tosca e supersticiosa, mas nos envolve em tal conjuntura de sentimentos que de forma verdadeira, demonstra simbolicamente que a natureza do sofrimento humano está no esquecimento do transcendental, no desprezo pelo auto-conhecimento, no apego a idolatrias que são meias verdades porém sedutoras por seu mistério, muitas vezes oculto pelo fato do homem decaído ser esquecido do perfeito ideal.

Zoomorfismo

No gênesis, a serpente não é apresentada ao leitor como um espírito mal. Se fosse, ela seria desde já nomeada como Satanás, inimigo lendário na saga bíblica. Mas porque tal zoomorfismo no relato poético da bíblia?
Ora, eu entendo ser uma questão de períodos históricos no qual o povo hebreu vivenciou. Esse povo é natural da Mesopotâmia, onde os hebreus praticavam o culto a vários deuses, porém, sendo com Abraão, conforme a bíblia, o apego ao monoteísmo.
Foi Moisés quem escreveu o Pentateuco, e acredito, fazendo as devidas depurações dos entes mitológicos de seus primos semitas. Porém, o arquétipo da serpente é uma evidencia de que os hebreus possuíam em sua origem remota, as mesmas crenças que o zoodíaco Sumério.
Uma outra evidência é a própria presença do calendário zoodíaco para marcar as eras do povo hebreu. Por exemplo:
Adão e Eva representam o signo de Gêmeos, onde esse ciclo termina com Caim e Abel e iniciando na ordem do calendário, a era de Touro. A era de Touro termina com Moisés e com a lei dos Dez mandamentos, onde o bezerro de ouro decai no abismo marcando seu fim. Iniciasse então a era de Áries ou carneiro, onde Deus revela os rituais de expiação dos pegados no sacrifício do carneiro no Tabernáluco do Senhor.
A era de Áries termina com Jesus Cristo, o cordeiro de Deus que morreu por nossos pecados. Inicia se então a era de peixes. O símbolo do cristianismo é o peixe, como Pedro, o pescador de homens.
E por último Aquário, onde ciclicamente viria o Senhor Jesus julgar as nações e arrebatar os eleitos para viverem imersos na plenitude do paraíso. Aquário é representado por um homem que derrama água de um tipo de balde ou jarro. Isso pode ser associado com o derramamento da ira de Deus.
A serpente, por sua vez, representa as entranhas da terra anímica, onde a astúcia da serpente hipnotiza a Eva como faz com suas vítimas na sua cadeia alimentar.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A vontade, a ética e o ideal

A ética como todos os outros assuntos da filosofia não escapa a metafísica. Vou tentar expor o porque.
O homem possui vontade. A vontade não pertence a razão, mas é um pulso cósmico no qual nossa consciência é seu invólucro.
A vontade é infinita, pois todos os objetos de seu alcance possuem a pergunta do porque de serem desejados. A vontade nunca para de querer. Logo, a vida do homem é uma angústia constante de desejo.
Mas o que é vontade propriamente dita? Parece ser um termo um pouco difuso para conceitualizar essa pulsação cósmica.
Eu entendo que o homem tem vontade de prazer, vontade do ápice do prazer, o orgasmo. Essa é a natureza da vontade que pulsa a direção do homem em busca de suas realizações, e por conseqüência a civilização como contrato social.
Mas a vontade pura, é selvagem e egoísta e sem o devido freio suas paixões devastam o seu meio ambiente. Pois é assim o mesmo vida na floresta, ordem não há e os animais vivem caçando uns aos outros, não há provisões, não há paz nem lei que garanta a vida. As plantas disputam freneticamente o espaço ao sol, sobrevivendo os mais fortes até que esses sejam derrotados. Não há tranquilidade na selva senão morte constante.
Entre os homens, através de sua consciência, determinaram a moral,ética e a lei como institutos de limite da vontade individual em favor da vontade coletiva.
Assim nasce o princípio de eqüidade, de justiça, do direito, onde essa cultura organiza a sociedade limitando numa justa medida o impulso da vontade.
A questão de vontade e lei é amplamente trabalhada na filosofia e no direito propriamente dito, sendo a ética e sua variante e a política onde se discute a validade e a efetividade da ética, moral e a lei, determinando a organização do trabalho na sociedade, do trato pessoal com os outros e com o coletivo etc.

A partir disso chego numa questão elementar da metafísica da étic,a que é o ideal. Ele é o ápice do tratado político que trata sobre a ética sobre como a sociedade poderia se organizar para alcançar a felicidade suprema, o Sumo bem. Qual o ideal para se viver? Ao relembrar Platão, podemos ter um conceito do que seja o ideal na alegoria do mito da caverna que todos já devem saber do que trata.
Platão diz que o ideal é algo perfeito e que está dado no universo, senão efetivamente está abstratamente no mundo dos ideais. Esse mundo é perfeito e belo matemáticamente falando. Seus parâmetros são eternos e universais.

Porém, os homens em geral não contemplam a natureza ideal do cosmos, vivendo apenas no mundo das aparências imperfeitas, não se perguntando pelo perfeito. As pessoas não vivem a plenitude de sua vontade, mas sofrem por estarem presas em suas crenças, em seus ídolos, em seu ego inflado que lhes cega o contemplar do perfeito.
O ídolo é o contrário de idéia, é uma forma imperfeita daquilo que É. O mundo ideal está num nível superior a dos homens.

Eu entendo nesses conceitos metafísicos que se o homem perceber que o mundo em que vive é mera aparência imperfeita do ideal, ele estará pronto a transcender a busca do que é perfeito. Nesse momento, sua ética será moldada a ponto de poder fazer sua vontade verter com mais intensidade no ápice do orgasmo, num legítimo estado de adoração com o Ser perfeito.

Ética e espiritualidade

Conforme minha análise sobre a entropia do Universo, a natureza da origem do Universo é um paradoxo insolúvel. O Universo move o todo, e o todo múltiplo aspira sua potência perpétua. A vontade é uma emanação direta da potencialidade divina no qual o ideal nos mostra o caminho do não-esquecimento, quando a imperfeição gnóstica ofuscar a mente no esquecimento, perdição de si mesmo.
A busca pelo ideal é uma busca espiritual pelo ápice do prazer, máxima emanação da vontade e sentido perfeito de ser do pulso cósmico que é a vontade.
Espiritualidade é o exercício de transcender também na percepção sobre a físico-material do mundo, pois a realidade material também é uma aparência imperfeita do Ser.
Logo, um dos procedimentos que conduze-nos a perfeição é o estudo da matemática, pois esta, uma derivação perfeita da lógica(logos) faz-nos contemplar as verdades eternas e universais, nos ajudando a reconhecer o logos do mundo e transcender a adoração do que é perfeito e maravilhoso Ser enquanto Ser.

Sto Agostinho, apesar de ser cristão e estar preso a certos dogmas mitológicos da cosmogonia judaica, conseguiu expressar um belo tratado de espiritualidade que é mais ou menos assim:
Amor é desejar, então amor é estar angustiado por querer o que não tem. Mas o homem que ama pode alcançar o bem que almeja e que supra a vontade. O Amor então se transforme decerto modo em posse, no qual o homem agora teme em perdê-lo, perpetuando a angustia. O homem sabe que vai morrer, e a morte é o mal maior, o prejuízo absoluto que nos tira o bem que temos.
Então para Agostinho não há como ter uma felicidade ideal amando as coisas do mundo, senão amando a Deus que é eterno e não morre. Deus que é a vida e fonte de todos os bens.
Agostinho nesse sentido nos mostra que o amor as coisas espirituais são superiores as coisas materiais que são meras cópias do que é perfeito.

Por isso entendo que aquele que analisa com seriedade a filosofia, amando a verdade acima de tudo, saberá que a filosofia é uma busca esotérica de ser feliz, de se enquadrar perfeitamente com o ritmo cósmico.

Concluo esse texto com a inscrição do templo de Delfos que acredito estar em sintonia intelectual com o que disse:

«Advirto-te, sejas quem fores...Tu! Que desejas sondar os arcanos da Natureza, se não encontras dentro de ti aquilo que procuras... tampouco o poderás encontrar fora.Se ignoras as excelências da tua própria casa, como poderás encontrar outras excelências?Em ti se encontra oculto o tesouro dos tesouros!Homem!... Conhece-te a ti memso e conhecerás o Universo e os Deuses.»

sábado, 28 de março de 2009

A Escravidão histórica sucedida pelo trabalho assalariado

Em sete mil anos aceitos da história da civilização, me fiz uma pergunta: Por que em 6850 anos o mundo conheceu o modo de produção escravista, e nos 150 dos dias atuais, o modo de produção mudou para um trabalho livre e assalariado?

Antes de divagar sobre a resposta, farei uma explanação sobre os conceitos filosóficos da economia que estão por detrás da história.

Kant disse que a busca do entendimento dos fenômenos no mundo se faz antes com juízos a priori sobre o mundo como tempo, espaço e causalidade. As leis da física são dados a priori a qualquer observação, e são através dela que se constroem verdades científicas, no quais essas também se tornam um juízo que também se chama conceitos a priori na observação dos fenômenos.

Na economia que é considerada hoje uma ciência se estipula também conceitos a priori, como a lei da vontade, oferta e da procura, lei de Say, lei do trabalho etc.

Na lei da oferta e da procura, que considero um dos mais importante na interpretação dos fenômenos econômicos, se delimita o valor das coisas, sendo valiosas quando muito procuradas tornado-as escassas, ou de preços baratos por haver muita oferta delas ou pouca procura.

Práxis da teoria

Como podemos associar então os conceitos econômicos no tema proposto por esse texto? Vou tentar explicar:

Antes da revolução industrial, o modo de produção era lento bem como o transporte que também não possuía muita capacidade de carga, o que tornava tudo muito caro.
Se houvesse um aumenta na renda per – capita de uma sociedade antiga, por exemplo, haveria um enorme problema com inflação, pois, com o aumento da renda, a população consumiria mais, porém, o sistema produtivo não acompanharia a demanda. A solução desse problema era muitas vezes resolvido na captação de mais escravos para o aceleramento produtivo.

Um modo de produção assalariado era algo impraticável na antiguidade e nas outras eras onde não havia a indústria mecanizada, pois o trabalho assalariado causa o fenômeno do crescimento exponencial da produção, ou seja, o trabalhador assalariado gasta seu salário com compras, gerando mais “empregos” que por sua vez gastaram também gerando mais rendo e etc. Porém, como na antiguidade não havia técnicas de produção eficazes, o devido crescimento exponencial deixaria a inflação em índices elevadíssimos, desestimulando o trabalho operário, pois se há muita gente com dinheiro na mão mas sem produtos para comprar, as coisas, devido a sua procura, então tendem a aumentar o preço a quem possa pagar mais, conforme a lei da oferta e da procura.

É por essa razão que o trabalho escravo era uma imposição de uma classe dominante ou uma nação vitoriosa sobre as outras com o intuito de produzir o necessário.

Por exemplo, as razões principais da queda do império romano foi a falta de escravos devido a pax-romana e a ética cristã, fazendo com que a sociedade pagasse pelos serviços requeridos. Outro motivo foi o aumento do efetivo do exército. Esses fatos fizeram com que a economia inflasse com moeda corrente, fazendo os preços aumentarem, colocando Roma numa situação de miséria nunca antes vista em sua história.

Na Europa medieval, a economia não sofria esses reveses devido a própria inexistência de comércio, e no mundo árabe e bizantino os preços e o comércio era fortemente controlado pelas corporações de ofício no qual eram subordinadas diretamente aos soberanos, o que não diferia muito do sistema de servidão.,

Com a formação dos estados absolutos e o mercantilismo e em conseqüência o aquecimento da economia, uma pressão inflacionária assolou a Europa, mas as tensões eram sempre atenuadas com a ida de contingentes ao novo mundo e a emissão de subsídios com o trabalho escravo desse a Europa, deixando os preços sempre sobre um patamar aceitável.

O império turco Otomano a partir da era moderna, começou a declinar constantemente devido ao modo de produção escravista, com escravos cada vez mais escassos.

É importante lembrar também que o comércio na antiguidade até a revolução industrial se realizava quase que exclusivamente nas cidades portuárias. Era um comércio pequeno.

Com a revolução industrial, o desenvolvimento da produção agrícola, de manufaturas e dos meios de transporte tornou a produção mais eficaz. Antes, na industria têxtil, com 100 costureiras se fazia 50 peças de tecido. Depois, com uma costureira treinada a mexer com um tear mecânico, produzia em um dia 100 peças de tecido. No meio de transporte o navio a vapor levava 100 vezes mais que uma caravela, e com a metade do tempo gasto.

Na revolução industrial então, produziu uma quantidade de bens nunca antes conhecida na história conhecida, estimulando banqueiros a fomentarem o capitalismo que se fundamentava no trabalho assalariado que por sua vez, gerava uma produção de riquezas de forma exponencial.

Logo, na segunda revolução industrial, o mundo conheceu uma produção de riquezas fantástica. A revolução industrial foi o divisor de águas na era da história, na ordem de importância do que foi a invenção da escrita para a história.

Os filósofos

Vocês podem notar, caros leitores, que a época antiga comparada com a época das luzes na Europa não diferia muito em estrutura. A escravidão era amplamente aplicada pelos motivos acima expostos.

Logo, os filósofos das Luzes, como Russeau, Kant, Hobbes, Locke, Maquiavel etc, não diferem de forma significante dos filósofos romanos e gregos, pois todos contemplavam o mesmo tipo de economia. Os filósofos das luzes nada mais são do que revisores de conceitos da “coisa pública” resgatado do direito romano, bem como a delimitação da racionalidade, diante da nova sociedade emergente que suplantava a idade média, onde os conceitos de civilidade, de direito não existiam, bem como método científico inexistia.

Mas foi com o advento da revolução industrial onde foi necessário novos filósofos que interpretassem os novos fenômenos aparentes como o monetário, a liberdade diante das profundas transformações sociais sofridas. Exemplos disso é Adam Smith, David Richard, Thomas Maltus, Karl Marx, Husserl e tantos outros.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Onde está o dinheiro?

No fenômeno da crise, onde está o dinheiro?

O fenômeno econômico, a meu ver, é muito fácil de entender. A dificuldade está em interpretar a verbarrogia do economiques, muitas vezes inúteis para ajudar a entender o sentido profundo do acontecer no mundo.
Todos nós estamos informados que o mundo sofre o flagelo da crise econômica iniciada com o estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos.
As doutrinas econômicas tem-se culpado umas as outras pela recessão. Os neoliberais culpam Alan Greespan, presidente do Federal reserve na era Clinton de forçar empréstimos a juros baixos para financiamento de imóveis populares diante dos preços elevados de aluguéis naquele país e demais atos de populismo como gerar empregos etc, demonstrando que as intervenções estatais na economia sempre tem conseqüências trágicas como a crise gerada pelo super-crédito.
Os keynesianos por sua vez, culpam os neoliberais, de que as crises, as oscilações e especulações são devidos da falta de controle do estado diante especuladores que abalam sistemas políticos ao sabor de sua ambições .
Os marxistas e neofascistas, apesar de serem um contra o outro, ambos atacam neo-liberais e keynesianos, sugerindo um estado forte e controlador.
Mas enquanto ninguém chega a um acordo, uma pergunta que muito intriga. Onde está o dinheiro? Já ouvi diversos economistas e sociólogos na TV e revistas e todos dizem de uma forma generalizada que o dinheiro “secou” na fonte, como se ele tivesse desaparecido do sistema. Tudo não passa de uma baita confusão que colocam na mente do povo explicando conceitos econômicos pela metade, algo típico nos méios de comunicação onde não há profundidade nenhuma em discussões.
O dinheiro, é óbvio, está no sistema bancário brasileiro que guarda o dinheiro das pessoas. Ha aproximadamente 40 trilhões de reais ativos em moeda escritural no sistema bancário, fora as reservas em moeda de outros países, ouro, prata etc.
É importante notar que o dinheiro nunca sai do banco. O dinheiro que circula em nossos bolsos e carteiras não passa de “troquinhos”. A moeda impressa no Brasil que circula é de aproximadamente 90 bilhões de reais. Todo o resto do dinheiro se chama moeda escritural, que se manifesta na sociedade em formas virtuais nos computadores, em títulos, em cheques ou mesmo com esse próprios 90 bilhões de dinheiro impresso que a todo momento entram e saem do banco com os depósitos e saques das pessoas.
A lógica da crise então se consiste no simples fato de todo esse dinheiro não estar circulando. E isso se deve pelo fato dos juros estarem altos.
Quem sofre com o esfriamento da economia nunca são as grandes corporações, mas o pequeno e médio empreendedor e o trabalhador assalariado. Ora, como eu posso sustentar isso? É simples. Vejam: Se o sistema bancário brasileiro possui 40 trilhões de reais no qual sempre aumenta anualmente com o PIB, alguma empresa deve estar com boa parte desse dinheiro? Mas quem? Ora, é fato que o dinheiro não está circulando bem devido aos juros altos, mas o dinheiro então só pode estar nas mãos das grandes corporações.
É estranho o conceito em que as grandes companhias possuam problemas financeiros pela seguinte lógica: Elas devem pagar seus fornecedores, mas esses fornecedores também devem pagar os seus, e esses por sua vez também. Ou seja, o dinheiro sempre tem um piso de circulação para novamente estar em mãos dos quem dominam o sistema produtivo, que são as corporações, que são na realiade, comglomerados de trustes bancários e de grandes investidores. Por isso, levanto uma questão: Como um banco pode quebrar, pelo fato dele emprestar dinheiro e podendo emprestar a ele mesmo, e sendo fato também que ele é acionista das grandes corporações?
Talvez a crise seja mesmo crise pelo fato da imprensa sempre amedrontar as empresas e pessoas devido ao um futuro inserto, e essas empresas e pessoal começam a cortar despesas para criar uma reserva para a crise, porém, potencializando a crise, pois se ninguém mais comprar, ninguém irá vender, não é lógico?



A questão da inflação

Essa questão tem sido tema de preocupação dos governos dos países na década de 90, devido aos problemas inflacionários da década de 80 causados pela crise do petróleo da década de 70.
A política econômica de Substituições de Importações iniciada pelo governo Getúlio Vargas depois de 1930 amplamente praticada na história brasileira a partir dessa data, porém em franco fracasso da política econômica do governo Sarney e nos planos malucos e do mesmo intuito heterodoxo do governo Collor de bloquear os ativos de pessoas físicas, demonstrou ao Brasil a proposta neoliberal de controle da inflação.
Com a política neoliberal de esquerda do governo FHC, (como ele se auto-intitula), agiu de várias maneiras para conter a alta dos preços no país, como a elevação dos juros, aumento dos impostos, aumentar o superávit primário, valorizar o real e abrir as alfândegas, o que caracterizou o Plano Real, que era de caráter recessivo.
Com a moeda estabilizada, o governo FHC decidiu que a economia deveria crescer de forma lenta, baixando os juros e os impostos progressivamente.
No governo Lula, a mesma política foi adotada, agora porém de forma mais determinada, resolver fazer o país se aquecer economicamente de novo, porém com um crescimento de 4% ao ano. Mas porque dessa decisão?
Ora, como as pessoas que mexem com o comércio e produção bem sabem, não adianta liberar crédito e dinheiro na sociedade se não há produto para comprar. Para se dobrar a capacidade de produção e o devido estoque, demora aproximadamente um ano. Mas para alimentos em geral, se leva dois anos, além da falta de mão de obra especializada para atender o crescimento do país, bem como a oferta de energia elétrica e madeira para caldeiras em geral.
A classe produtiva, bancos e serviços, logo, devem possuir uma confiança no governo para apostarem em fazer estoques para um comprador certo prometido desse nesse crescimento econômico.
Um outro fator do crescimento lento da economia era a observação de um estouro na bolha do setor de crédito de imóveis americanos feita por agências de economia do mundo. Um crescimento mais acelerado se pressupões o endividamento da população. A crise seria muito pior então se essas dívidas maiores fossem contraídas.
Outro exemplo na história que justifique as atitudes seguras e até recalcadas do governo Lula é o que aconteceu com a Argentina recentemente. Depois da recessão econômica sofrida a sete anos atrás, esse país resolve dar um impulso econômico, crescendo aproximadamente 7% a 8% ao ano. Porém, um país que ficou cerca de dois a três anos em recessão, desestimulando a produção interna, logo, não tem o que vender num surto de crescimento, gerando inflação. A medida do governo Argentino foi a de tabelar os preços, causando uma falta generalizada de produtos, até mesmo e gasolina.
Na China, com aquele crescimento fantástico de 15% ao ano, só é possível graças a onipresença e onipotência do Estado. Pois, se o governo chinês decretar um tabelamento dos preços devido a uma inflação devido ao seu alto crescimento, os transgressores da política de preços do “partido” certamente será fuzilado.
No Brasil, o poder executivo não possui autoridade sobre a economia, sendo que nosso país fica refém de especuladores em geral. Só para lembrar, no tempo do crescimento alucinante da economia brasileira na época da ditadura, já recebendo um processo inflacionário da época de JK, conseguiu manter o país equilibrado somente pela força do decreto ditatorial, somente entregando os pontos na grave crise de proporções mundial na época da crise do petróleo. Mas a escolhambação da economia aconteceu mesmo na época da abertura política, onde o governo civil não tinha autoridade nenhuma mais sobre as pressões libertinas na ditadura.
O governo Obama, entendo, pode estar certo na intervenção direta na economia, a contra gosto dos liberais. Pois tal atitude garante a produção e evita o endividamento da sociedade, libertando os EUA da agonia de da grande depressão de 1930. Porém, muitos falam que os EUA terão uma dívida pública ainda maior. Mas isso é conversa fiaada, pois os credores dos EUA são as próprias corporações de petróleo, de armas, bancos, industrias farmacêuticas, de informática e etc no qual dominam o mundo e usam dos atributos do departamento de estado dos EUA a resolverem seus interesses.

Toledo, 19 de março de 2009-03-20

Rafael Unha de Oliveira
Acadêmico de história da Unipar – Campus Cascavel

segunda-feira, 16 de março de 2009

fundamentos filosóficos de uma sociedade insana

Vós, homens, como indivíduos, desenvolveis vossos sentidos pela luta social, pela auto-preservação e dais inicio, assim, à consciência de separação. Desde a infância que vos foi incutida a idéia de que sois uma entidade separada; e desta ilusão provem a divisão entre "vosso" e "meu", no que pensais e no que sentis, no que possuis e em todas as cosias. Daí surge também a idéia de que vos deveis tornar algo de grande no futuro e a de que fostes já algo no passado. Um contraste contínuo. E desta consciência separada surgem - cobiça, a inveja, o ódio, o sentimento de posse, a preocupação da vaidade, as alegrias passageiras, as tristezas transitórias e os transitórios prazeres. Esta é uma civilização grosseira baseada na competição, na qual cada um trata de si, sem benevolência, sem equanimidade. É um mundo de conflito, de corrupção, de contenda, que a seu tempo conduzirá à guerra.

Em virtude de tal entendimento de separatividade, o "Eu" torna-se todo poderoso; dessa consciência de separação nasce o medo. E onde quer que exista o medo, manifesta-se imediatamente o desejo de buscar o conforto, em lugar do entendimento que dissipa todo o temor. Pois o conforto adormece o vosso temor inato de perder vossa identidade separada.

O conforto produz tão somente um ajuste temporário, mas não uma harmonia e equilíbrio permanentes; produz um alivio imediato em vez de um entendimento compreensivo, contínuo; produz o adiamento do esforço, uma evasão contínua em lugar da luta para compreender no presente. Por causa desse temor, buscais o consolo no culto, na prece, no erguimento de imagens, por intermédio de ritos e cerimônias. Essa ilusão de separação vos leva à preocupação da morte, e do que vai acontecer no futuro, isto é, sobre se tereis de vos reencarnar e sobre o que haveis de ter sido no passado. Por outras palavras, são o passado e o futuro que empolgam o homem que se acha atemorizado; a compreensão do presente, nunca. Enquanto o presente não for compreendido, o futuro jamais vos proporcionará seu verdadeiro significado, pois que o futuro, na realidade, não existe.

Observe a maioria das pessoas, e verificareis que todas pensam que, por tornarem-se maiores, por ampliarem sua consciência, mediante uma série de experiências, pelo fato de retroceder, avançar e reencarnar, se estão aproximando cada vez mais da verdade. Para mim, essa concepção é inteiramente ilusória, pois a realidade, em sua inteireza, em sua plenitude, em sua riqueza, existe em tudo e, portanto, é eterna. O que é permanente, eterno em tudo, não pode progredir. O que denominamos progresso somente pode ser aplicado a determinado fato, não à realidade.fragmentos: Krishnamurti -

Palestra realizada em Londres - 1931 - Do livro: Coletânea de Palestras

sábado, 14 de março de 2009

O caminho espiritual da matemática

A descoberta da filosofia se da quando o estudante descobre que a filosofia é uma relação mística com o UNO. Essa concepção espiritual da filosofia não é aceita na comunidade intelectual em geral, por estarem, acredito, em dormência profunda em relação ao interesse pela verdade do ser.

Porém, ha muitas pessoas que se deram conta disso, e se embrenharam no estudo do ocultismo, ingestão de alucinógenos para o contato íntimo como “Apheirón”.

Acredito que o ocultismo ainda é uma visão imatura da filosofia. Primeiro porque a filosofia por se caracterizar pelo transcendental já se preocupa com o desvelamento oculto dos ser, que se mostra e se vela ao mesmo tempo.

É somente com o estudo da matemática que se caracteriza como uma busca espiritual pelo ser. É ela o firme fundamento da contemplação mística do transcendental. A matemática é a analise das verdades eternas, dos postulados de origem divina que é para sempre, imutáveis em qualquer dimensão e tempo.

Não estou dizendo que o puro ato do estudo da matemática seja o todo em si mesmo. Não, não, mas sim, que o estudo da matemática deve ser inicial a todos os outros estudos. Porém, a matemática não deve ser tida como autônoma das outras áreas do saber, mas as outras áreas como desdobramento matemático.

Ciências exatas e ciências humanas:

O público acadêmico comete sempre o crônico erro de entendimento ao dizer que existe uma separação entre ciências exatas e ciências humanas. A meu ver, não há separação nenhuma.

As ciências exatas trabalham com aquilo que é dado no mundo, e as ciências humanas, as possibilidades do que é dado acontecer no mundo. Uma é a sustentabilidade da outra que analisa o que realmente é o mundo.

A matemática é a essência das duas, porém, não é uma ciência. Pode existir uma ciência que estude a simbologia matemática, algo quase gramatical, mas a ontologia matemática não é uma ciência, mas um estado de espírito.

A Unipresença de Deus:

Para deixar mais concreto minha exposição sobre a espiritualidade do estudante de matemática, mostro um exemplo muito interessante. Há um Deus dos homens. Mas se um ser extra-terrestre viesse ao nosso planeta, e um de nós perguntássemos “o Deus do alien é o mesmo que o nosso?” . Com certeza, pois no universo podem haver infinitos mundos e estrelas, infinitos acontecimentos. Mas não pode haver infinitos infinitos. O infinito é um só para todos no infinito. O infinito é um, é o UNO.

O ser alienígena que aparece diante de nós possui o mesmo Deus então, pois o nosso Uno é o mesmo Uno dele, as nossas verdades matemáticas são as dele também. A matemática é a relação com o UNO no qual qualquer criatura do universo pode acessar e adorar.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Considerações sobre Isaac Newton

A filosofia se divide em duas grandes linhas, a dos místicos e a dos epistemólogos. Os primeiros discípulos conscientes ou inconscientes de Platão e os pitagóricos, e outros, da área de Aristóteles e Euclides.

Na Idade Moderna, com Descartes, um dos filósofos mais incompreendidos da história, lança os fundamentos da interpretação do mundo, análises e regras do método de como conhecer corretamente(Ao meu ver, em nenhuma diferença com a metafísica de Aristóteles).

O Aristotelismo entra com força na Europa, afastando os místicos cristãos sobre a influência do neo-platônico Sto. Agostinho.

Apesar das considerações místicas ainda serem bastante pertinentes, o mundo preferiu esquecer seus postulados em favor das proezas metafísicas da epistemologia.

Na Inglaterra da Época de Isaac Newton, a coisa não era diferente. Os ingleses aspiravam por mais fundamentos experimentais para finalidades práticas do que elucrubações místicas, surge o empirismo, se opondo a racionalidade quase platônica cartasiana.

Ora, Newton era Alquimista, e como tal, estava na ordem dos místicos e com certeza, na intimidade não compactuava com os dogmas cristãos ou qualquer outro sistema de crendices.

Porém, foi ele que ditou postulou as leis da física nas bases de Euclides, desprezando todos os mistérios que envolvem a entropia do Universo.

Newton, chefe do tesouro real e outros títulos políticos, da a entender a nós que seu trabalho se concentrava em resultados práticos a serem usados por seus país, deixando para de lado as reflexões sobre o Uno, que bem disse David Hume, se não podemos saber sobre a origem, então não importa perguntar sobre ele.

A física de Newton porém ganhou adeptos no mundo inteiro devido as proezas da ciência. Mas essa, enfim, encontrou seu limite diante as descobertas da física quântica que novamente retoma os problemas da filosofia grega antiga, no qual devemos escolher entre Aristóteles ou Platão.

Mas o mundo não está preparado filosoficamente a entender o mundo a luz da filosofia. O mundo está doente, histérico, insano em crendices, em postulados mal-entedidos, mal digeridos sobre método científico. O mundo produz conhecimento, mas não sabe exatamente o que produz.

A humanidade está tão insana que os conceitos científicos que são verdades transitórias valem quase como um dogma religioso. É proibido questionar os fundamentos da ciência. Por exemplo, é proibido questionar a viagem do homem a Lua. É proibido dizer que existem curas pelo poder da fé.

Sabe, pessoal, antes de estudarmos ciência, devemos estudar Aristóteles, e antes desse, Platão. Devemos conhecer as críticas de Aristóteles a Platão. Aí sim, poderemos fazer ciência e pensarmos a sua possibilidade.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


DA SUPERFÍCIE
Dr. Luiz Manoel Lopes[1]



Eu sou porque ela é
Ela é porque eu sou
Somos de graça
A superfície está em branco
Se com um gesto a toco,
Eu sou tocado
(Amílcar de Castro)


Quando dizemos que algo é superficial expressamos nossos preconceitos; a profundidade parece ser mais importante que a superfície, pelo menos é o que os nossos hábitos e julgamentos, acerca da vida, nos indicam. É comum alguém dizer: “que coisa profunda foi dita por fulano”. Tal exemplo, esclarece bem o que entendemos por superficial: nada mais do aquilo que é de pouca profundidade. O nosso contato com o mundo dá-se através das superfícies das coisas; nós estamos diante de nossa superfície como da superfície do mundo. Não somos tolos a ponto de esquecer que possuímos uma profundidade. O ponto de contato com a superfície do mundo, com as múltiplas superfícies que o constituem, dá-se onde o habitamos. Quando, por exemplo, escrevo, este texto, experimento um espetáculo de superfícies que se entrelaçam. O quiasma, do qual Merleau-Ponty nos fala, aparece como um fenômeno onde vários componentes misturam-se: o branco da folha de papel; o escorrer das letras sobre o liso; a tinta vermelha que tinge as letras; a sombra de minha mão vagando na tez do papel; a minha pele que sente a maciez da folha. Há uma composição durante este ato no qual ouço cantos fugidios de pássaros e o tictac do relógio. O pensamento e a linguagem entremeados em planos sem espessura. Talvez haja proximidade com aquilo que o escultor Amílcar de Castro nos apresenta em seu ato de criar. A folha de papel, sendo bi-dimensional, possui um elo com o material que ele nos fala:


É de chapa de ferro
De chapa porque pretendo, partindo da superfície
Mostrar o nascimento da terceira dimensão
De ferro porque é necessário
É natural de Minas, está ao alcance das mãos
Todo mundo sabe trabalhar em ferro
A superfície é domada – é partida e vai
sendo dobrada
É quando, e por fatalidade, o espaço se
integra, criando o não previsto
É pura surpresa
É como um gesto inesperado
Um gesto espontâneo
Espontâneo como se fosse o primeiro
Aquele que fundamenta a comunhão
com o futuro
A escultura que faço é uma pesquisa
de origem da própria escultura
Por isso é simples
descobre a força do que é original
Sol de muito tempo
entre noites dormindo
acorda ilumina e ascende
e é força e é fogo e é ferro
Verbo silêncio vivo.
Criador das montanhas
E fundador de um reino onde a
Palavra é inútil[2]


Na superfície a escultura e a escritura se entrelaçam; naquela, o nascimento da terceira dimensão; nesta, a germinação de múltiplas direções de tempo. A superfície vegetal da folha contrai a tinta, o tempo intensa e ritmicamente toca o leitor.

Quando nos embriagamos com um movimento de vento nas folhagens, com um gesto, experimentamos rápidos momentos de êxtase. A nossa percepção altera-se, sentimos vibrações inusitadas e começamos por indagar sobre a criação desses momentos fugazes. Há a criação desses momentos, mas não sabemos como foram criados. Os artistas conseguem transferir esses processos de criação para as superfícies mais estranhas libertando aquilo que estava aprisionado no fundo das coisas. Na folha de papel em branco, que começa por ser tingida, a superfície vibra permitindo que o leitor experimente várias dimensões de tempo. Há como que uma transmutação do espaço em tempo. O processo de libertação de algo que percorre a superfície, porém que não conseguimos ver, é uma maneira de tirar a nossa percepção da paralisia diante das coisas.


A superfície, a cortina, o tapete, o casaco eis onde o Cínico e o Estóico se instalam e aquilo de que se cercam. O duplo sentido da superfície, a continuidade do avesso e do direito substituem a altura e a profundidade. Nada atrás da cortina, salvo misturas inomináveis. Nada acima do tapete, salvo o céu vazio.[3]


O pensamento, em sua relação com a superfície, possui o sentido dos acontecimentos que envolvem as coisas. A filosofia – que possui como elemento o conceito – ganha a leveza dos efeitos flutuantes que insinuam-se no limites das coisas. Os conceitos não são adquiridos através de classificações das formas de coisas semelhantes, mas pela fina película que as envolvem. Quando a maçã cai, o cair acontece na superfície que a limita e expressa-se através da linguagem. O sentido, como a expressão do que acontece na superfície do mundo, não é um processo mental ou psicológico, nem uma propriedade objetiva das coisas. Não é preciso a tortura de retornar para a interioridade subjetiva: a vida acontece na superfície, “o mais profundo é a pele”.


O sentido aparece e atua na superfície, pelo menos se soubermos convenientemente, de maneira a formar letras de poeira ou como um vapor sobre o vidro que o dedo pode escrever.[4]


A ressonância entre filosofia e escultura resulta no cântico à tênue camada que separa a vida em dentro e fora. O motivo maior deixa de ser o mergulho, nas regiões mais profundas, passando a ser o quase espesso.


Quando corto e dobro
uma chapa de ferro
[ou somente corto]
pretendo
abrir um espaço
ao amanhecer na matéria bruta
É luz que vela e revela
a comunhão do opaco
com o espaço dos astros
espaço
que descobre o renascer
redimindo a matéria pesada
na intenção de voar.[5]


Na arte e na filosofia contemporânea experimentamos um esvaziamento; não mais o grave e pesado, mas sim a sutileza da superfície. Os acontecimentos ocorrem no vazio, preenchendo-o de novidades, fazendo-nos experimentar que viver consiste em criar novos modos de viver.

Artigo gentilmente cedido pelo autor, Dr. Luiz Manoel Lopes, (Revista Eletrônica Print by UFSJ)


NOTAS:
[1] Possui graduação em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (2002) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (2006). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente no seguinte tema: acontecimento, campo transcendental e as sínteses disjuntivas em Deleuze; a duração em Bergson; os objetos impossíveis em Meinong; as proposições em si em Bolzano.
[2] Amílcar de Castro, Depoimentos, Belo Horizonte, Suplemento Literário 90, 2002.
[3] Gilles Deleuze, Lógica do Sentido, tradução: Luiz Roberto Salinas Fortes, São Paulo, Perspectiva, 1974, p.136
[4] Idem, ibdem, p.136.
[5] Amílcar de Castro, Corte e dobra, Belo Horizonte, Suplemento Literário 90, 2002, p.12.