sexta-feira, 20 de março de 2009

Onde está o dinheiro?

No fenômeno da crise, onde está o dinheiro?

O fenômeno econômico, a meu ver, é muito fácil de entender. A dificuldade está em interpretar a verbarrogia do economiques, muitas vezes inúteis para ajudar a entender o sentido profundo do acontecer no mundo.
Todos nós estamos informados que o mundo sofre o flagelo da crise econômica iniciada com o estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos.
As doutrinas econômicas tem-se culpado umas as outras pela recessão. Os neoliberais culpam Alan Greespan, presidente do Federal reserve na era Clinton de forçar empréstimos a juros baixos para financiamento de imóveis populares diante dos preços elevados de aluguéis naquele país e demais atos de populismo como gerar empregos etc, demonstrando que as intervenções estatais na economia sempre tem conseqüências trágicas como a crise gerada pelo super-crédito.
Os keynesianos por sua vez, culpam os neoliberais, de que as crises, as oscilações e especulações são devidos da falta de controle do estado diante especuladores que abalam sistemas políticos ao sabor de sua ambições .
Os marxistas e neofascistas, apesar de serem um contra o outro, ambos atacam neo-liberais e keynesianos, sugerindo um estado forte e controlador.
Mas enquanto ninguém chega a um acordo, uma pergunta que muito intriga. Onde está o dinheiro? Já ouvi diversos economistas e sociólogos na TV e revistas e todos dizem de uma forma generalizada que o dinheiro “secou” na fonte, como se ele tivesse desaparecido do sistema. Tudo não passa de uma baita confusão que colocam na mente do povo explicando conceitos econômicos pela metade, algo típico nos méios de comunicação onde não há profundidade nenhuma em discussões.
O dinheiro, é óbvio, está no sistema bancário brasileiro que guarda o dinheiro das pessoas. Ha aproximadamente 40 trilhões de reais ativos em moeda escritural no sistema bancário, fora as reservas em moeda de outros países, ouro, prata etc.
É importante notar que o dinheiro nunca sai do banco. O dinheiro que circula em nossos bolsos e carteiras não passa de “troquinhos”. A moeda impressa no Brasil que circula é de aproximadamente 90 bilhões de reais. Todo o resto do dinheiro se chama moeda escritural, que se manifesta na sociedade em formas virtuais nos computadores, em títulos, em cheques ou mesmo com esse próprios 90 bilhões de dinheiro impresso que a todo momento entram e saem do banco com os depósitos e saques das pessoas.
A lógica da crise então se consiste no simples fato de todo esse dinheiro não estar circulando. E isso se deve pelo fato dos juros estarem altos.
Quem sofre com o esfriamento da economia nunca são as grandes corporações, mas o pequeno e médio empreendedor e o trabalhador assalariado. Ora, como eu posso sustentar isso? É simples. Vejam: Se o sistema bancário brasileiro possui 40 trilhões de reais no qual sempre aumenta anualmente com o PIB, alguma empresa deve estar com boa parte desse dinheiro? Mas quem? Ora, é fato que o dinheiro não está circulando bem devido aos juros altos, mas o dinheiro então só pode estar nas mãos das grandes corporações.
É estranho o conceito em que as grandes companhias possuam problemas financeiros pela seguinte lógica: Elas devem pagar seus fornecedores, mas esses fornecedores também devem pagar os seus, e esses por sua vez também. Ou seja, o dinheiro sempre tem um piso de circulação para novamente estar em mãos dos quem dominam o sistema produtivo, que são as corporações, que são na realiade, comglomerados de trustes bancários e de grandes investidores. Por isso, levanto uma questão: Como um banco pode quebrar, pelo fato dele emprestar dinheiro e podendo emprestar a ele mesmo, e sendo fato também que ele é acionista das grandes corporações?
Talvez a crise seja mesmo crise pelo fato da imprensa sempre amedrontar as empresas e pessoas devido ao um futuro inserto, e essas empresas e pessoal começam a cortar despesas para criar uma reserva para a crise, porém, potencializando a crise, pois se ninguém mais comprar, ninguém irá vender, não é lógico?



A questão da inflação

Essa questão tem sido tema de preocupação dos governos dos países na década de 90, devido aos problemas inflacionários da década de 80 causados pela crise do petróleo da década de 70.
A política econômica de Substituições de Importações iniciada pelo governo Getúlio Vargas depois de 1930 amplamente praticada na história brasileira a partir dessa data, porém em franco fracasso da política econômica do governo Sarney e nos planos malucos e do mesmo intuito heterodoxo do governo Collor de bloquear os ativos de pessoas físicas, demonstrou ao Brasil a proposta neoliberal de controle da inflação.
Com a política neoliberal de esquerda do governo FHC, (como ele se auto-intitula), agiu de várias maneiras para conter a alta dos preços no país, como a elevação dos juros, aumento dos impostos, aumentar o superávit primário, valorizar o real e abrir as alfândegas, o que caracterizou o Plano Real, que era de caráter recessivo.
Com a moeda estabilizada, o governo FHC decidiu que a economia deveria crescer de forma lenta, baixando os juros e os impostos progressivamente.
No governo Lula, a mesma política foi adotada, agora porém de forma mais determinada, resolver fazer o país se aquecer economicamente de novo, porém com um crescimento de 4% ao ano. Mas porque dessa decisão?
Ora, como as pessoas que mexem com o comércio e produção bem sabem, não adianta liberar crédito e dinheiro na sociedade se não há produto para comprar. Para se dobrar a capacidade de produção e o devido estoque, demora aproximadamente um ano. Mas para alimentos em geral, se leva dois anos, além da falta de mão de obra especializada para atender o crescimento do país, bem como a oferta de energia elétrica e madeira para caldeiras em geral.
A classe produtiva, bancos e serviços, logo, devem possuir uma confiança no governo para apostarem em fazer estoques para um comprador certo prometido desse nesse crescimento econômico.
Um outro fator do crescimento lento da economia era a observação de um estouro na bolha do setor de crédito de imóveis americanos feita por agências de economia do mundo. Um crescimento mais acelerado se pressupões o endividamento da população. A crise seria muito pior então se essas dívidas maiores fossem contraídas.
Outro exemplo na história que justifique as atitudes seguras e até recalcadas do governo Lula é o que aconteceu com a Argentina recentemente. Depois da recessão econômica sofrida a sete anos atrás, esse país resolve dar um impulso econômico, crescendo aproximadamente 7% a 8% ao ano. Porém, um país que ficou cerca de dois a três anos em recessão, desestimulando a produção interna, logo, não tem o que vender num surto de crescimento, gerando inflação. A medida do governo Argentino foi a de tabelar os preços, causando uma falta generalizada de produtos, até mesmo e gasolina.
Na China, com aquele crescimento fantástico de 15% ao ano, só é possível graças a onipresença e onipotência do Estado. Pois, se o governo chinês decretar um tabelamento dos preços devido a uma inflação devido ao seu alto crescimento, os transgressores da política de preços do “partido” certamente será fuzilado.
No Brasil, o poder executivo não possui autoridade sobre a economia, sendo que nosso país fica refém de especuladores em geral. Só para lembrar, no tempo do crescimento alucinante da economia brasileira na época da ditadura, já recebendo um processo inflacionário da época de JK, conseguiu manter o país equilibrado somente pela força do decreto ditatorial, somente entregando os pontos na grave crise de proporções mundial na época da crise do petróleo. Mas a escolhambação da economia aconteceu mesmo na época da abertura política, onde o governo civil não tinha autoridade nenhuma mais sobre as pressões libertinas na ditadura.
O governo Obama, entendo, pode estar certo na intervenção direta na economia, a contra gosto dos liberais. Pois tal atitude garante a produção e evita o endividamento da sociedade, libertando os EUA da agonia de da grande depressão de 1930. Porém, muitos falam que os EUA terão uma dívida pública ainda maior. Mas isso é conversa fiaada, pois os credores dos EUA são as próprias corporações de petróleo, de armas, bancos, industrias farmacêuticas, de informática e etc no qual dominam o mundo e usam dos atributos do departamento de estado dos EUA a resolverem seus interesses.

Toledo, 19 de março de 2009-03-20

Rafael Unha de Oliveira
Acadêmico de história da Unipar – Campus Cascavel

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