Em sete mil anos aceitos da história da civilização, me fiz uma pergunta: Por que em 6850 anos o mundo conheceu o modo de produção escravista, e nos 150 dos dias atuais, o modo de produção mudou para um trabalho livre e assalariado?
Antes de divagar sobre a resposta, farei uma explanação sobre os conceitos filosóficos da economia que estão por detrás da história.
Kant disse que a busca do entendimento dos fenômenos no mundo se faz antes com juízos a priori sobre o mundo como tempo, espaço e causalidade. As leis da física são dados a priori a qualquer observação, e são através dela que se constroem verdades científicas, no quais essas também se tornam um juízo que também se chama conceitos a priori na observação dos fenômenos.
Na economia que é considerada hoje uma ciência se estipula também conceitos a priori, como a lei da vontade, oferta e da procura, lei de Say, lei do trabalho etc.
Na lei da oferta e da procura, que considero um dos mais importante na interpretação dos fenômenos econômicos, se delimita o valor das coisas, sendo valiosas quando muito procuradas tornado-as escassas, ou de preços baratos por haver muita oferta delas ou pouca procura.
Práxis da teoria
Como podemos associar então os conceitos econômicos no tema proposto por esse texto? Vou tentar explicar:
Antes da revolução industrial, o modo de produção era lento bem como o transporte que também não possuía muita capacidade de carga, o que tornava tudo muito caro.
Se houvesse um aumenta na renda per – capita de uma sociedade antiga, por exemplo, haveria um enorme problema com inflação, pois, com o aumento da renda, a população consumiria mais, porém, o sistema produtivo não acompanharia a demanda. A solução desse problema era muitas vezes resolvido na captação de mais escravos para o aceleramento produtivo.
Um modo de produção assalariado era algo impraticável na antiguidade e nas outras eras onde não havia a indústria mecanizada, pois o trabalho assalariado causa o fenômeno do crescimento exponencial da produção, ou seja, o trabalhador assalariado gasta seu salário com compras, gerando mais “empregos” que por sua vez gastaram também gerando mais rendo e etc. Porém, como na antiguidade não havia técnicas de produção eficazes, o devido crescimento exponencial deixaria a inflação em índices elevadíssimos, desestimulando o trabalho operário, pois se há muita gente com dinheiro na mão mas sem produtos para comprar, as coisas, devido a sua procura, então tendem a aumentar o preço a quem possa pagar mais, conforme a lei da oferta e da procura.
É por essa razão que o trabalho escravo era uma imposição de uma classe dominante ou uma nação vitoriosa sobre as outras com o intuito de produzir o necessário.
Por exemplo, as razões principais da queda do império romano foi a falta de escravos devido a pax-romana e a ética cristã, fazendo com que a sociedade pagasse pelos serviços requeridos. Outro motivo foi o aumento do efetivo do exército. Esses fatos fizeram com que a economia inflasse com moeda corrente, fazendo os preços aumentarem, colocando Roma numa situação de miséria nunca antes vista em sua história.
Na Europa medieval, a economia não sofria esses reveses devido a própria inexistência de comércio, e no mundo árabe e bizantino os preços e o comércio era fortemente controlado pelas corporações de ofício no qual eram subordinadas diretamente aos soberanos, o que não diferia muito do sistema de servidão.,
Com a formação dos estados absolutos e o mercantilismo e em conseqüência o aquecimento da economia, uma pressão inflacionária assolou a Europa, mas as tensões eram sempre atenuadas com a ida de contingentes ao novo mundo e a emissão de subsídios com o trabalho escravo desse a Europa, deixando os preços sempre sobre um patamar aceitável.
O império turco Otomano a partir da era moderna, começou a declinar constantemente devido ao modo de produção escravista, com escravos cada vez mais escassos.
É importante lembrar também que o comércio na antiguidade até a revolução industrial se realizava quase que exclusivamente nas cidades portuárias. Era um comércio pequeno.
Com a revolução industrial, o desenvolvimento da produção agrícola, de manufaturas e dos meios de transporte tornou a produção mais eficaz. Antes, na industria têxtil, com 100 costureiras se fazia 50 peças de tecido. Depois, com uma costureira treinada a mexer com um tear mecânico, produzia em um dia 100 peças de tecido. No meio de transporte o navio a vapor levava 100 vezes mais que uma caravela, e com a metade do tempo gasto.
Na revolução industrial então, produziu uma quantidade de bens nunca antes conhecida na história conhecida, estimulando banqueiros a fomentarem o capitalismo que se fundamentava no trabalho assalariado que por sua vez, gerava uma produção de riquezas de forma exponencial.
Logo, na segunda revolução industrial, o mundo conheceu uma produção de riquezas fantástica. A revolução industrial foi o divisor de águas na era da história, na ordem de importância do que foi a invenção da escrita para a história.
Os filósofos
Vocês podem notar, caros leitores, que a época antiga comparada com a época das luzes na Europa não diferia muito em estrutura. A escravidão era amplamente aplicada pelos motivos acima expostos.
Logo, os filósofos das Luzes, como Russeau, Kant, Hobbes, Locke, Maquiavel etc, não diferem de forma significante dos filósofos romanos e gregos, pois todos contemplavam o mesmo tipo de economia. Os filósofos das luzes nada mais são do que revisores de conceitos da “coisa pública” resgatado do direito romano, bem como a delimitação da racionalidade, diante da nova sociedade emergente que suplantava a idade média, onde os conceitos de civilidade, de direito não existiam, bem como método científico inexistia.
Mas foi com o advento da revolução industrial onde foi necessário novos filósofos que interpretassem os novos fenômenos aparentes como o monetário, a liberdade diante das profundas transformações sociais sofridas. Exemplos disso é Adam Smith, David Richard, Thomas Maltus, Karl Marx, Husserl e tantos outros.
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