segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O sentido da filosofia de Platão


Depois do meu texto “o problema da entropia do universo”, alguém parou para pensar nessas questões? Alguém pensou seriamente sobre a eternidade?
As hipóteses lógicas são muitas, e isso é filosofia.
Fiquei pensando no que Platão quis dizer com seu trabalho. O que poderia pensar um filósofo adepto aos círculos dos místicos Pitagóricos?

Platão não muda a tradição filosófica. Ele faz todas as hipóteses com uma rigorosidade lógica. Não esquece dos princípios axiomáticos como substância e idéias eternas.
Na relação entre o Uno e as partes, ele disse que nosso mundo é uma decadência do que é perfeito, e de que tudo no nosso mundo percebido é uma meia visão do universo, e quando pensamos, nos lembramos do que é eterno, que é um reflexo do mundo das idéias ou mundo perfeito. Podemos ver a perfeição no mundo através de uma forma de meditação, que é a fricção de quatro sentidos(nao me lembro bem), que o transcende a eternidade e ao mundo das idéias. Podemos perceber isso no mito da caverna e na teoria da reminiscência, onde pensar é recordar.
Para Platão, seguindo a doutrina pitagórica da transmigração das almas, quando uma pessoa morre, se eleva ao mundo perfeito, e retorna reencarnado, como se decaisse a esse mundo como se aqui fosse a morte de um mundo perfeito. E este mundo perfeito, é inferior a um mundo superior a ele, e assim ao infinito.

Uma coisa que me intriga é a noção de movimento em Platão, (Apesar de minha pouca leitura, e aceito um aditivo e críticas dos platônicos), de que tudo na visão de Platão está na eternidade. Mas como assim? Parece que Nietzsche também disse isso, mais de 2 mil anos depois, como no eterno retorno e das possibilidades que já aconteceram.
Na eternidade, hipoteticamente, todas as possibilidades já aconteceram. O movimento nada mais é do que mais uma idéia do homem, uma meia visão do que consegue perceber nesse mundo. O homem não consegue com plenitude.
Nisso, o filósofo ou qualquer pessoa que transcende ao mundo superior, pode ver o futuro, pois na eternidade, onde não existe passado o presente e nem o futuro, onde o tempo é diferente ao nosso, o futuro hipotéticamente já aconteceu, pois na eternidade, o tempo não é o problema, nunca houve um início e o que é sempre existiu.

Para Platão, ele talvez não estivesse interessado em prever o futuro como pensam os cartomantes, mas abrir os olhos dos gregos para um crescimento espiritual, se posso assim dizer, um desenvolvimento ético e moral, o equilíbrio da alma, contra a ilusão dos sentidos, a cegueira do orgulho e as paixões desenfreadas, como desequilíbrio e o esquecimento, para que o homem não caia cada vez mais na loucura dos mundos inferiores a este. Ele propões que o homem descubra a eternidade dento de si, e se lembre da idéais perfeitas que lhe transcendam ao mundo perfeito, onde tudas as possibilidades já aconteceram, referente a esse mundo, pois tudo aqui, nada mais é do que um reflexo do que já é.
O pensamento de Platão tem a mesma forma dos ritos místico-sacerdotais, e como numa religião, ele propõe um Estado teo-transcendental(república de Platão), para salvar as almas e as conduzir novamente a sua origem, a eternidade e a felicidade. O Estado proposto por Platão seria de reis filósofos. Homens que ao reencarnarem nesse mundo, escolheram tomar da água do não esquecimento "Aletheia", quando estiveram no jardim do mundo perfeito, e com isso, maior discernimento do que seja perfeito, sendido com a meditação intelectual(se posso chamar assim) ao contato com o cósmos. Os homens que tomam a água do esquecimento, retornam a esse mundom esquecidos das idéias eternas, porque almejam poder a ambição nesse mundo. A seleção desses reis filósofos se daria num elaborado processo de seleção, desde a infância, onde os mestres já reconheceriam, através da sensibilidade para a música e os esportes, uma consciência, uma lembrança mais terna do que já é eternamente perfeito, no mundo das idéias transcendentais.

Se compararmos esse pensamento, notaremos uma semelhança enorme com os sacerdotes do Egito, dos druidas, do pensamento oriental, que apesar de míticos, possuem as primeiras noções da filsofia entre o Uno e as partes, e a transmutação.
É importante lembrar que, a filosofia de Platão estava voltada ao seu povo, e não uma carta aberta ao mundo, e o que os filósofos gregos romperam eram com os mitos primitivos gregos, mais rudimentares que os sistemas religiosos da mesopotâmia.
É importante lembrar também que, a maioria dos escritos de Platão se perderam, e por isso, é difícil delimitar o que Platão realmente quis dizer. Eu entendo que podemos complementar, pela intuição, já que os problemas filosóficos são sempre os mesmos, arquétipos como esse exposto nesse meu texto.
O pensamento platônico vai influenciar muitos outros filósofos, como santo Agostinho, que lhe da um teor dogmático a cosmogonia do cristianismo.

Enfim, é tentando compreender o pensamento místico de Platão, é que vamos entender o pensamento de Aristóteles, muito mais prático, e o iniciador formal da tradição filosófica ocidental, com seus estudos e teorias da epistemologia, a própria fenomenologia, em busca também dos prazeres e felicidades nesse plano pelo, pelo que a percepção material pode nos proporcionar, além das virtudes postas para se viver bem enquanto sujeitos da existência. (Talvez disso, não vejo muita diferença entre Aristóteles e David Hume).
Aristóteles nunca negou os problemas remetentes da eternidade, como a substância e o motor imóvel, mas ele, ao contrário de Platão, sugere que a filosofia seja menos calçada na incerteza e relativização dos conceitos do mundo, a uma rigorosidade maior a epistemologia e a percepção humana, imersa no Devir, como já propunha Heráclito, e o entendimento que o entendimento do Uno nunca será possível(motor imóvel que está fora to tempo, mas que movimento o cósmos sem que se de conta de nós, e nós do motor imóvel).

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