quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Filosofia adaptada a sua época


O que a filosofia através dos tempos senão uma redundância sistemática? Afirmo com audácia que, depois de Parmênides, não houve mais ninguém de original na filosofia. Todos tratavam o mesmo problema com palavras diferentes e formas diferentes para se alcançar o mesmo fim. Mas então por que a humanidade balbuciou seus filósofos para dizer ideologicamente a mesma coisa? Eles tratavam sempre da felicidade e realização e da ideologia que é como um meio para realização disso, não é assim? Não tratavam do ser e dos entes? o axiomas não eram os mesmos? Então, para mim, todos disseram a mesma coisa.

Cada filósofo de sua época, entendo, tentou recapitular os entendimentos do estudo do ser, coloca-los na linguagem da época, bem como introduzir a filosofia, novos entes desvelados pela episteme(ciência), ou até mesmo para reconduzir a sociedade a um pensamento racional diante de uma aparente volta da superstição ao modo de ver o mundo da sociedade.

Emanuel Kant, por exemplo, que é esse homem? Qual a finalidade de anos a fio estudando e escrevendo sobre filosofia? Ora, apesar de seu estímulo própria para descobrir as respostas e se libertar da ilusão, Kant escreve principalmente para proteger o cristianismo, em particular a cosmogonia protestante e pietista do Universo.
A obra de Kant, como disse, era uma forma de justificar a visão cristã, diante do ateísmo e agnosticismo cada vez mais crescente, como fizera Santo Agostinho, mais de mil anos atrás, contra os pagãos.

O pensamento tomista já não abarcava a cosmogonia e nem conseguia derrubar as novas descobertas dos humanistas. Era necessário que kant interviesse, e com seu genial sistema filosófico.

Baruch Espinoza, por sua vez, via como Kant, um Universo matemático e lógico. E por isso mesmo, não conseguia conceber um Deus pensante.

Enfim, se analisarmos cada filósofo, perceberemos que eles pensam os mesmos problemas da eternidade, substância, fenômeno e lógica da mesma forma, usando desses axiomas para discutir questões fenomenológicas de sua época.

Um filósofo polêmico de se analisar é Michael Foucault. Bom, entendo que Foucault não é um filósofo em si, mas um filósofo da história, ou um historiador das mentalidades, como diriam alguns, ou um desconstrucionista, para outros.
Foucault só trata dos fenômenos históricos, de uma forma Weberiana e Heideggeriana, com pinceladas de Nietzsche.

Foucault tenta desvendar a história, usando da fenomenologia de Heidegger, e tentar ter um conhecimento hipotético do passado do qual não se pode saber, senão sempre imaginado.

Ele desconstroi o conhecimento, preceitos morais, relativiza tudo o que se imaginava coerente, para deixar margem a uma nova coerência, se possível. Em seus escritos, o próprio Foucault afirmava que talvez tudo o que ele falava podia ser uma besteira, pelo fato de ninguém saber do passado.(esse tipo de afirmação, os Foucaltianos dizem ser um diálogo com as obras de Heidegger).

Analisa fenômenos que passaram imperceptíveis aos olhos do historiador, analisa suas contradições, sua veracidade, analisa a vontade a luz de Nietzsche para explicar o que move o homem e a história.
Mas por que Foucault se emprenha tanto nessa filosofia? Bom, a resposta eu entendo, é que, além da tradição acadêmica, qual todos devem seguir sem um sentido claro para isso, como se fosse mais um fetiche expor um título acadêmico, Foucault quer mostrar com isso, a potencialidade de novas descobertas do ser histórico e da moral e realização humana diante da estrutura da filosofia moderna do qual Heidegger sempre apontou que “a filosofia esqueceu do problema do ser”.

Mas o tema principal de Foucault, e sua própria proposta de discussão da filosofia do seu tempo é, uma liberação sexual dos homossexuais e heterossexuais e a descoberta da potencialidade da vontade humana no mundo.

Concluindo esse breve e audaz texto, ao meu ver, a filosofia serve para encontrar o caminho da realização humana, investigar as possibilidades da felicidade e aplica-la na sociedade, surgindo assim, as formas de Estado e sua ideologia como formas de atingir uma realização de ideal ético metafício. E por acaso, essa busca da realização, esse ideal máximo não foi sempre um problema da filosofia? Então, a busca sempre foi a mesma e nada original significante, senão apenas uma diferença de postura(ética) e linguagem.

Nenhum comentário: